O RACISMO SERVE, ANTES DE TUDO, PARA DIVIDIR E DOMINAR MULHERES

vulvamtilliandum
2 min readMar 9, 2022

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O racismo é uma tecnologia social, política, cultural e econômica de dominação. Mas… dominação de quem? Se você, muito improvavelmente disse “mulheres”, acertou.

O racismo é um tecnologia de dominação que se constituiu como o mais eficaz e poderoso dispositivo de divisão e dominação das mulheres. Infelizmente, os filhos das mulheres situadas nos estratos mais baixos da hierarquia feminina, que carregam consigo o arcabouço genético no qual se ancora o racismo, se deram mal. Eles não eram (e não são) o foco. Oprimir homens pode ser quase tão dispendioso quanto os lucros de sua exploração, em razão do permanente estado de guerra entre eles.

Já faz um bom tempo que todas as sociedades são dominadas por homens. Em todas elas, independentemente da raça da casta masculina dominante, impera o racismo ou práticas racializadoras contra algum tipo de Outro, isto é, práticas que transformam, em algum grau, comportamentos culturais ou condições criadas pela cultura (etnia, religião, classe, nacionalidade etc) em biológicos (inferioridade ou incapacidade inata, por exemplo).

Se os homens pudessem inventar outros dispositivos para dividir e dominar as mulheres de forma tão eficaz quanto o racismo, porém sem o efeito desagradável e dispendioso de desumanizar os filhos do sexo masculino das mulheres racializadas, eles certamente o fariam.

Como não conseguiram, eis uma grande parcela de homens marcados pela raça cujo sagrado direito masculino ao pleno status de “humano” é vedado pelo acesso regulado aos recursos materiais, simbólicos e privilégios sociais, e pela violência.

De fato, deve ser muito difícil para os homens racializados não se verem como o principal alvo das opressões que sofrem. Deve ser muito difícil reconhecerem que a injustiça que sofrem só pode ser sanada se toda essa brincadeira masculina de mal gosto, chamada patriarcado, for interrompida de maneira definitiva.

Uma das evidências de quão difícil é esse reconhecimento é que, ainda hoje, a maior parte dos homens racializados, senão todos, trata as injustiças que sofrem como algo exclusivo contra eles próprios. E não é por outra razão que suas lutas são sempre derrotadas.

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